20/05/2012

Em meio ao desespero implacável, pegou uma tesoura e perfurou a mão direita. A lentidão com a qual a tesoura penetrava no dorso de sua mão, ajudava a esquecer da vida. A dor física ultrapassava a dor emocional, e era preciso que fosse devagar, para durar o maior tempo possível.
Sentiu a ponta da agulha tocar o dorso de sua mão direita, o rompimento da pele, e viu o primeiro fio de sangue escorrer. Então, percebendo que não sabia se eram ossos, tendões ou músculos que romperiam primeiro, fechou os olhos por um instante e afundou mais a tesoura.
Permaneceu de olhos fechados até o final, na tentativa de aprofundar a sensação que o perfuramento causava.
Sentiu nervos se romperem, e os movimentos dos dedos cessarem. Abriu os olhos e viu que o fio de sangue há muito tinha aumentado em fluxo, lavando a pia em que apoiava. Afundou mais um pouco, e sentiu o barulho dos ossos quebrarem. 
Diante de tanta dor, sentiu tudo rodar e desmaiou...

A simulação real do universo imaginário e presente

  Era um poeta dos sonhos e um pintor das reflexões mais profundas. Sua mente transbordava de ideias surreais, mergulhadas em um mar de dúvi...