04/11/2017

Horror

Vulto de um algum nenhum. Borrões coloridos e vomitados em cabelos sujos. Vultos de cores descoloridas com vodca e cloro. Estaca após estaca perfura seu crânio em busca do seu cérebro, aquela bola cinzenta pútrida que ocupa esse espaço.
Blackout. O horror, o horror, o horror.
Nada mais tocou.

Carta a mim

Querido eu mesmo,

Feche os olhos e sinta a música, a batida do coração, do seu e da música. Ouve os passos da criança cega do andar de cima. Criança cega, macabra e assassina.
Concentra... ouve o sino daquela igreja perdida no caos de São Paulo. Ainda se encontram beatas e carpideiras? O som das ondas cerebrais atormentadas lamento fúnebre da portuguesa que agoniza num fado industrial.
Não abra os olhos. A música te diz tudo o que você precisa ouvir. A buzina do carro, o som das ultrapassagens, a imagem da juventude realizada no sangue do asfalto.
Aperte forte suas pálpebras e não deixe esse manto recair sobre seus ombos. Como pode ser um manto branco por completo, e preto por completo, tal qual como o branco, ao mesmo tempo, mas sem sê-lo de fato? As cores não se misturam e não compartilham o espaço devidamente e milimetricamente demarcado. Ouve o fado industrial, ouve o lamento. O manto que absorve a luz na sua alvura repelindo-a com sua treva não permanece sobre seus ombros, mas revela sua imagem.
Abra os olhos e contemple.

Eu mesmo.

Um Homem Só

Era um homem só. Seja porque era só ou porque era um homem. E porque era um homem, só, e um homem só, ele trocaria todas as trilhas que levariam a romaria para ilha finita. Os sons dos pássaros e dos tiros soariam e ressonariam nos seus tímpanos, no seu íntimo e não mais os ouviriam. Era a hora, lá fora.
Era um homem só, que de tão só, e da vontade de ser só, e por ser um homem só, da romaria não queria nem a vida de quem pegasse aquela trilha. Não era bons, vermelho eram seus tons. E lá sabiam o que fariam com membros sangrentos que se contorciam e tremendo iam e iam e iam... Já não era a fauna nem a flora, era algo entre ontem e agora.
Era um homem só, só era um homem só. 

A simulação real do universo imaginário e presente

  Era um poeta dos sonhos e um pintor das reflexões mais profundas. Sua mente transbordava de ideias surreais, mergulhadas em um mar de dúvi...