30/12/2010

Desembaraçando

Estava enrolada em problemas, enroscada em idéias falsas, enganchada em dissabores amorosos... sua vida tinha dado um nó. Tudo estava embaraçado.
Tentava achar a ponta do novelo, mas o que encontrava era o cruzamento das linhas marcadas no seu rosto, resultado de uma vida maldita.
Como não achava a maneira de desembaraçar, resolver cortar. Uma tesoura, dois pulsos, e um fio... de sangue.

27/12/2010

(Feliz?) Ano-Novo

Lembrou-se de respirar, e estranhou em sentir a vida entrando pelo nariz. Abriu a boca, achando que seria melhor deixar prá lá essa idéia de usar as narinas prá respirar, mas o gosto da vida amargou-lhe o paladar, deixando a língua manchada de um branco doentio.
Assustou-se com isso, e desesperadamente arrastou-se pela areia, em meio a flores e barquinhos devolvidos por Iemanjá. Prendia a respiração, mas a vida insistia em invadir-lhe a boca e o nariz. Invisivelmente, invadia seu corpo pelos poros da sua pele, sem que pudesse fazer qualquer coisa prá conter a força da vida.
Atirou-se no mar, salgando sua boca na tentativa de mascarar os dissabores da vida. Em meio aos fogos em comemoração ao ano novo, a única passagem que fez foi para junto das flores flutuando pelas águas.

26/12/2010

Fim do Ano / da Vida

Uma semana para o fim do ano a entristece profundamente. Ela não sabe exatamente a razão, mas sabe que está triste. Hoje, não abriu as janelas, não deixou a luz do sol entrar. Não sabe nem se faz sol do lado de fora.
Ela não encontra ânimo algum nas festividades de fim de ano. Não suporta a idéia de quem um NOVO ano virá, porque não suporta o NOVO. Sente-se tão confortável com o passado, com o que lhe é conhecido, que a surpresa do desconhecido lhe causa pavor.
Hoje não vai trabalhar. Não quer saber de ver ninguém nas ruas lhe dizendo BOAS FESTAS, FELIZ ANO NOVO, FELIZ NATAL, e ter que responder PRÁ VOCÊ TAMBÉM, sendo o que ela mais gostaria de dizer é ME DEIXE EM PAZ.
Hoje ela também não olhou no espelho. As marcas no rosto denunciariam seu saudosismo de sua jovialidade abafada pelo tempo.
Não tomou café, somente vodka com guaraná. Ela queria evitar a cafeína. Sentiu vontade de fumar, mas lembrou-se que não fumava. Sentiu vontade de gritar, mas acordara rouca.
Sentiu vontade de morrer, mas lembrou-se que há muito não vivia mais...

A simulação real do universo imaginário e presente

  Era um poeta dos sonhos e um pintor das reflexões mais profundas. Sua mente transbordava de ideias surreais, mergulhadas em um mar de dúvi...