18/06/2009

Tom de ocupado

- Alô?
- Só um minuto.
(passam alguns minutos)
- Alô?
- Só mais um minuto.
(passam mais alguns minutos)
- Alô?
- Só mais um minutinho...
- Quantos minutos tem o seu minuto?
- Só um momento, por favor.
(passam mais uns "minutinhos)
- Ei, eu só quero falar com meu anjo da guarda, é "rapidão". Tô precisando de apoio!!!
- No momento, todos os nossos anjos da guarda estão em atendimento. Por favor, aguarde um instante, sua ligação é muito importante para nós.
- Mas que inferno!!!!!
- Tum tum tum tum
- Diabos! Essa "porra" de ligação caiu! Que infernooooo!!!!!

06/06/2009

BERMUDAS

Vi em uma visão metafísica o senhor George Walker Bucho sendo tragado em seu jatinho particular pelo mistério triangular de Gaia. Ao ser tragado pelos átrios bermudense, eu o vi nos mais profundos recônditos desse mistério atlântico-caribenho. Ao chegar ao mais abissal da cavidade, senhor Walker Bucho entrou em estado de hipotermia e apoplexia mais rudimentar, mas ainda assim, vivo, e por mais incrível que pareça, respirando. Porém seu estado apoplético amenizou-se e deu lugar a curiosidade (aquela que faz com que invada países a bel prazer), quando viu que em sua direção surgiu uma luz de cor âmbar e que de dentro dela alguém se aproximava. No momento em que a silhueta se aproximou, senhor Bucho teve a leve impressão e sensação nostálgica de conhecer o distinto senhor de algum lugar.

- Olá! – disse Bucho perscrutando o indivíduo.

- Oi! – respondeu o habitante abissal.

- O que faz aqui? – perguntou Bucho analisando o local.

- Eu moro aqui já faz um tempo.

- Como chegou até aqui?

- O senhor me mandou pra cá, lembra-se?

- Não me recordo! Já mandei tantas pessoas à lugares terríveis, mas não me lembro de ter mandado alguém à um lugar como este.

- Como é seu nome, meu jovem? Pergunta Bucho com certa excitação.

- Sou o Saddam, seu penúltimo arqui-rival lá na Terra.

- Nossa! Então você não está morto?

- Sim, estou! Não consegui entrar no paraíso, porém Alá, teve piedade de mim e não me mandou para o inferno, disse que eu ficaria um nível acima e um nível acima do inferno é aqui, no Triângulo.

- Então se você está morto eu também estou! – disse Bucho fazendo interjeição.

- Não! Infelizmente não! – meneou Saddam.

Alguns minutos de silêncio!

- Mas me diga, veio procurar por armas de destruição em massa por aqui? – interrogou Saddam.

- Não! Infelizmente não! Eu estava indo à uma conferência em San Juan quando meu jatinho foi tragado inexplicavelmente.

- Ah sim, é comum nessa região por conta do magnetismo e explosões de metano. A propósito, como vai nosso amigo Obama?

- Vai bem! Ansioso por ocupar o meu lugar.

- Parece que ele vai reerguer o sistema financeiro, tem muitas idéias arrojadas e audaciosas e parece ser coerente nos acordos com a ONU – observou o morador das profundezas.

- Ah sim. Ele até prometeu retirar as tropas do exército de sua ex-nação.

- Muito bem! É uma atitude louvável da parte de um democrata. – Um breve silêncio. Bem, a prosa muito boa, mas preciso retirar-me, repousar-me-ei em meus aposentos, vou para o meu jazigo.

- Hey, espere! O que vai acontecer comigo, como saio daqui? – levantando-se Bucho e indo ter com Saddam.

- Bom, ouvi uma conversa entre Posseidon e o Barba Negra dizendo que o próximo a vir para cá sofreria a maldição do peixe-boi.

- Eita febre do rato! E o que é isso? – perguntou num solavanco o insensato presidente, agora oceânico.

- Significa que você vai entrar em estado de decomposição e será mastigado por cavalos-marinhos por todo o sempre ou até quando o “todo o sempre” durar.

- Miserável homem que sou! – gritou desesperadamente o senhor George. E da mesma maneira como surgiu a luz de cor âmbar para aparição de Saddam, a mesma apareceu para o levar.



autor: Tom Luiz

03/06/2009

Frio

Acordou como se não tivesse acordado. Ficava nesse estado de zumbi todos os dias pela manhã. Sempre tropeçava no tapete, sempre batia o pé na ponta da cama, sempre abria a janela. Sempre mantinha essa rotina, querendo ou não.
Mas hoje o ar estava diferente. As pernas estavam endurecidas, e o tropeção no tapete o levou ao chão, e sentiu como se estivesse caído de cima de um toro bravo. Sentiu o gosto da sujeira e o cheiro do tapete sujo. Tentou se levantar, mas os braços finos e maltratados pela velhice precoce (uma velhice psicológica que o afetava diretamente no físico) bambearam, tremeram, e curvaram-se. Gritou de dor, de uma dor salientada pelo frio, pelo ar gelado.
Apoiou-se na cama e finalmente se levantou. Caminhou até a janela. Ainda tonto pela queda, não tinha despertado para a nova manhã. Não compreendia o frio, não entendia os arrepios, não aceitava ser derrotador por uma força invisível. Ele só queria abrir a janela e ver o laranja da manhã, o vermelho do amanhecer, e ouvir o barulho de vento nas árvores.
Aproximou-se da janela. Estendeu seus braços finos, e empurrou a janela de uma vez. Abriu. Viu. Não sorriu.
Tudo estava azul, tudo estava cinza, tudo estava quieto.
Sentiu aquele ar queimando sua pele, enrijecendo seus músculos, travando sua mandíbula. Foi então que deixou de sentir.
Imóvel, em frente a janela, sem saber nem porquê, entregou-se ao inverno, ao frio sem compaixão, e mergulhou na imensidão azul e cinza.

A simulação real do universo imaginário e presente

  Era um poeta dos sonhos e um pintor das reflexões mais profundas. Sua mente transbordava de ideias surreais, mergulhadas em um mar de dúvi...