03/12/2020

Realidade Odiada

No meio de tanta fumaça ela viu olhos vermelhos por todo o lado. Seriam os olhos dos outros vermelhos ou seria ela com sangue nos olhos vendo tudo em vermelho?
No meio de tanta fumaça, ela levitou, revirou, deu um salto mortal, inspirou, segurou, soprou e passou. 
No meio de tanta fumaça já não sabia se estava deitada ou em pé, talvez sentada, ou talvez nunca nem esteve ali...
No meio de tanta fumaça, já não sabia quem era Eva e quem não. Ela queria contar a Eva sobre Lilith. 
No meio de tanta fumaça, ela esteve em Saturno, Marte e Mercúrio, e em lugar nenhum ao mesmo tempo. Tempo?
No meio de tanta fumaça, os homens chegaram de sirene ligada, cacete na mão e muita sede, muita sede de sangue. 
Sem mais tanta fumaça, o imundo a algemou, enfiou a mão pelo seu short, e a jogou no camburão. 
Hoje ela sente falta de fumaça, onde podia enxergar um mundo mais bonito. Sem fumaça, é só realidade (odiada). 

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