04/06/2021

Pulsão de morte


 Mas ela não sabia o que ia rolar por detrás daquela cortina de fumaça branca e densa.

Não enxergava um palmo na frente do nariz. Ela estava literalmente cega mas muito viva. Desde quando se precisa dos olhos pra ver? 

Ah, papo de gente doida. Papo de gente esquisita. Tanta risada. Tanta palhaçada. De tantas em tantas ela ficou é tonta.

Isso é de comer? E isso? É o que? É de sentir?

Parecia que o quanto mais adentrava naquela névoa com cheiro de desinfetante e creolina. Havia tanta sujeira assim? 

Como qualquer pergunta poderia ser respondida por ela, justo ela que é cega, embora enxergue com seus próprios olhos a ponto de afirmar que é cega na mente. 

Mais uma rapidinho, mais uma baforada nesse balde. Mais uma tequila e mais um shot. Cadê a fumaça? 

A fumaça que a rodeava a cegou na alma. 

E tudo que vê não há. E o que há, não vê. 

Nao lê por detrás das palavras: as intenções. 

Não lê o que não foi dito, nem escuta o que foi quase dito. 

Então... por que introjeto na minha alma as marcas cancerígenas da fumaça que explode os meus pulmões e me impede de ter fôlego para dizer somente isso:

... ...... ....... .......

E fim (do quê?)!

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