O espetáculo era lindo de se ver, mas não de se viver: estava sempre em segundo plano. Ao final, era whiskey pra esquecer, e no dia seguinte café pra acordar. Até quando?
Até quando?
Até nunca.
Decidiu que o bailarino voaria pra fora do palco: um assemblé, três balloné e um jeté bem executados por ele seria o suficiente.
Viu-se sozinha no palco. Finalmente era dona de si, de tudo e de todos. Valsaria, se quisesse. Sambaria de sapatilhas se quisesse. Fouetté rond de jambe en tournant o quanto quisesse, pelo tempo que quisesse. No fim, whiskey pra dormir e café pra acordar.
Tanto tempo fora do protagonismo, que no fim lhe restou um copo e duas garrafas.
Para si, apenas a morte do cisne.
Texto: Diego Lana
Arte: Daniela Nunes
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