Ela não acreditava que um unicórnio falasse, mas lá estava ele conversando sobre as amenidades de um Carnaval. Mas ela, como boa passista que era, viu que o unicórnio sabia bastante sobre nossas festividades.
Mas não bastasse, um intrometido cão alado pousou sobre os seios dela, afofou, deu uma volta, e deitou. O unicórnio aplaudia com suas patas de ganso, o pouso perfeito do cão.
Ela, que não queria parecer rude, tentou falar para que o cão alado gentilmente saísse de cima dos seus seios, que antes vestidos estavam desnudos, não se sabe como, estavam sem nenhuma proteção, e as penas do cão estavam irritando sua pele.
Mas ao invés de voz, bolas vermelhas saíam de sua boca sem som algum. Eram bolas pequenas, desformes, que flutuavam sobre o ar e estouravam na ponta do chifre do unicórnio. De cada bola estourada, um sapo de olhos vermelhos aparecia e dizia "o fim está próximo".
Já acostumada com tamanho absurdo, fechou a boca na tentativa de engolir essas bolas vermelhas, mas havia perdido o controle. O unicórnio vibrava com cada bola que flutuava no ar, corria freneticamente de um lado para o outro, estourando cada bolha e matando cada sapo dessa bolha com suas patas de ganso. Já o cão alado...
Fechou os olhos por um instante. Abriu. Viu as luzes brancas. Não sentia mais o incômodo de antes. Sentia sede. Não via mais o cão, nem o unicórnio, e em vão procurou as bolas vermelhas flutuantes.
Estava livre.
Livre.
Nenhum comentário:
Postar um comentário